Poema Sobre Uma Noite Numa Cidade Qualquer
A noite cái na cidadeas pessoas caminham rápidas
ônibus param,enchem,saem...
o sino da igreja badala...badala...
as luzes se acendem uma a uma
uma chuvinha fina cái mansamente
o asfalto brilha molhado
as ruas vão ficando desertas
só se ouvem ruídos de carros
pneus gritam no asfalto
e seus gritos se perdem no eco da indiferença.
Contra o escuro da noite
recortam-se sombras
de monumentos de cimento e aço
portas se fecham,se trancam
com medo das visitas inesperadas.
Da calçada vislumbra-se
uma televisão ligada
cada um com seus próprios pensamentos
todos calados
os olhos estão fixos
talvez pensando em coisa alguma.
Homens fardados marcham
rondam as quadras
como animais treinados
a perseguir uma presa
sem saber quem ela é na verdade.
Crianças maltrapilhas procuram jornais
e em qualquer canto
tentam abrigar-se do frio,
homens trôpegos ,
tavez pelo excesso de bebidas,
ou talvez pelo excesso de problemas vagueiam.
Mulheres velhas ou barrigudas
vasculham os lixos
à procura das sobras do dia.
A paisagem modifica-se
as arvores raras naõ são mais verdes
mas negras
talvez revistam-se da própria poluição
que foi expelida durante o dia
pela boca dos dragões de aço
e em cada esquina existe uma sombra vermelha
ou rosa ,ou verde ,de qualquer cor
que finge indiferença ao frio e a chuva
que balança uma bolsa ou mostra uma perna
que vive de noite
e que ganha o pão do outro dia
e que várias vezes volta a mesma esquina
e que quase de manhã
se esconde sob uma máscara qualquer
a noite cái na cidade
numa cidade qualquer.
Marcadores: Roselia Tomasi Riffel D"Arienzo
1 Comentários:
Este poema foi escrito por mim em 1979,quando entrei na faculdade e comecei a participar ativamente dos movimentos estudantis,de todos os que escrevi naquela época foi o único que resgatei o restante se perdeu ,por isto achei importante registrá-lo no meu blog ,para que quem acompanha o que escrevo veja o que eu pensava já quando era guria.Rosélia Tomasi Riffel
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